Um pouco sobre o luto
- Helena Kravchychyn

- 27 de jun. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 6 de jan.

Você certamente já ouviu falar de alguém que estava de luto. Pode ser também que você esteja ou já tenha estado de luto por um ente querido. O luto é um processo emocional natural que sucede a perda. Não é exclusivo de quando morre alguém, pois é possível viver um luto por muitas situações diferentes: pelo fim de um relacionamento, pelo que se deixou para trás quando se muda de cidade...em todas as fases da vida vivemos pequenos e grandes lutos, que invariavelmente nos fazem sofrer.
Perder dói. Esse é um fato.
A dor da perda é vivenciada de maneiras distintas de acordo com cada pessoa e também varia muito com a situação. As perdas mais definitivas, como as ocasionadas pela morte, geralmente (mas nem sempre) tem o potencial de nos causar mais sofrimento. Quando morre alguém, morre junto algo muito precioso para o ser humano: o tempo. Assim, não é mais possível acordar ao lado daquela pessoa ou chamá-la para conversar...não se pode mais fazer as muitas coisas que se fazia antes com ela. Também não há mais oportunidades para reparar algumas feridas e impasses no relacionamento que frequentemente deixamos para depois. Uma última palavra, um último abraço, um pedido de perdão...
É realmente muito triste para o ser humano perder esse tempo. Talvez seja o que nos torna mais humanos: amamos, nos apegamos e não queremos deixar partir aquele ou aquilo que nos é especial.
Se você está passando por uma perda, é possível também que se sinta com raiva. Essa raiva pode ser voltada contra Deus, contra outras pessoas ou até contra a própria pessoa que morreu. Você pode ter pensamentos como: "Por que ele me deixou?" ainda que lá no fundo saiba que o outro não tinha o controle da situação. Também pode sentir uma tristeza muito profunda, que tira o prazer das coisas normais do dia a dia e faz com que tudo pareça sem cor. É compreensível se sentir assim.
A culpa também pode estar presente: culpa por não ter falado alguma coisa que se queria (ou por ter falado), culpa por não ter aproveitado melhor a presença do outro ou até culpa por ter o tempo de vida que o outro já não tem mais.
Quanto tempo dura o luto?
O luto nem sempre é compreendido pelas pessoas e é comum que se queira impedir esse processo de ser vivido e sentido, ou então abreviar a sua duração. Não existe um tempo certo para o luto. Depende de cada pessoa vivenciá-lo à sua maneira. Podem se passar semanas, meses ou anos até que seja possível superar uma perda e o que vai determinar o quanto esse período irá se estender são diversos fatores. Inclusive, o que muitas vezes pode encurtar o tempo do luto é se a pessoa pôde permanecer nele o tempo que precisava. Se, ao contrário, a pessoa enlutada for forçada a sair desse estado a todo custo e reprimir suas emoções, pode ter mais dificuldade para superá-lo. A aceitação, que seria a etapa final do processo de luto, ocorre quando é possível entender que a perda é definitiva e, mais do que isso, quando se consegue visualizar a continuidade da vida sem aquilo ou aquela pessoa que se perdeu...e sem tanto peso. A saudade fica, alguns sentimentos permanecem ou voltam a reaparecer de tempos em tempos, mas no geral gradativamente se consegue construir uma nova realidade sem aquele que partiu.
É preciso, então, permitirmos que o luto seja vivenciado, entendendo a inevitabilidade desse processo e reconhecendo as emoções que fazem parte dele, mesmo aquelas não tão fáceis de se admitir e que podem, sim, conviver lado a lado com a saudade.
